sábado, 13 de março de 2010

Lula, o poder e a exclusão















          Ainda que não concordemos com as divisões de classes sociais, espirituais, culturais entre as pessoas; mesmo que professemos que todos são iguais perante Deus e os homens; ainda que insistamos que todos têm os mesmos direitos vivemos numa constante segregação entre uns e outros. O mundo sempre foi assim e, observamos que mesmo com a evolução cultural do homem esta realidade continua do mesmo jeito.


         Esta divisão entre pessoas constrói o sentimento denominado complexo de inferioridade em nível psicológico. Se por um lado, este sentimento de inferioridade pode produzir um efeito positivo, ou seja; na ânsia de conquistar seu espaço social, espiritual; na busca de sua inserção na sociedade o homem se esforça e conquista alguns de seus objetivos, atingindo projeções na área econômica, política, cultural, etc., por outro lado, mesmo com esta ascensão ele vai percebendo que não ocupou seu espaço plenamente. Percebe que com todos os holofotes projetando-o, psicologicamente se sente ainda segregado, isto é, não incluso onde desejaria.

          Iniciei com esta colocação, por ver algumas atitudes de personalidades que se fizeram nas áreas financeira e política, porém, ainda continuam fora de um grupo social, e assim, se sentem excluídas, mesmo que não admitam. Como exemplo, cito o presidente Lula.

           Lula teve uma trajetória brilhante, isto é preciso admitir, mesmo aqueles que não simpatizam com ele. Saiu do sertão, fez o trajeto como tantos migrantes nordestinos buscando a sorte na cidade grande. Com seu carisma, pouco a pouco foi conquistando seu espaço no mundo político através de sua atuação como sindicalista. Aproveitou a oportunidade do regime militar – é preciso frisar que, mesmo Lula tendo sido preso no período da ditadura, se o Brasil não tivesse passado por esta página negra de sua história política, certamente ele teria sido apenas mais um retirante e ilustre desconhecido.

          Pois bem, deixando esta página para trás, Lula conseguiu através de seus méritos e aproveitando as oportunidades conquistar seus sonhos, porém é notório que mesmo com tanto poder, com tanta ascensão política e econômica, mesmo sendo um presidente eleito por dois mandatos e que tem grande probabilidade de eleger sua sucessora ainda se sente excluído. Com toda sua visibilidade não conseguiu se inserir onde desejava; fazer parte da tão chamada “elite” da sociedade.

          Faço esta análise por perceber em Lula certo dissabor no tom das palavras quando se refere a uma parcela da sociedade, os intelectuais. Ainda que na maioria das vezes se vanglorie do cargo que postula, sente-se excluído por ser alguém que não estudou – é preciso ressaltar que se Lula não cursou um nível superior de ensino é porque não quis, pois a partir do momento que se tornou sindicalista e político recursos financeiros não lhe faltaram.

          Em suma, este seu sentimento de exclusão é notório na maneira como ele se posiciona e se expressa quando recebe críticas. Lula antecede o que os outros falariam de alguns acontecimentos que lhe são desfavoráveis, usando-o como mecanismo de defesa se fazendo de vitima da sociedade, deixando visível seu complexo de inferioridade. Enfim, se por um lado ele se sente vencedor pelo que conquistou, por outro, se sente frustrado porque mesmo sendo presidente da república em seu emocional se sente um excluído.

Ataíde Lemos

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