quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Maquiavel e La Boétie – Dominar ou ser Dominado?

Nicolau Maquiavel e Etienne La Boétie são autores do século XVI. Maquiavel escreveu O Príncipe em torno de 1513. E La Boétie escreveu Discurso da Servidão Voluntária por volta de 1534. Dois autores célebres com filosofias frontalmente opostas. Maquiavel coloca seu livro a serviço do poder abusivo dos príncipes. O livro de La Boétie insurge-se contra os tiranos. Mas o impressionante é que ambos são atualíssimos.
Maquiavel ensina como conquistar e manter o poder. Para alcançar o poder e submeter o povo, todos os meios são legítimos. O Príncipe dita normas para exercer o poder com astúcia. Com linguagem direta e sedutora, aponta truques políticos e métodos inescrupulosos que permitem anular adversários e subjugar o povo. Maquiavel reconhece que a liberdade é perigosa. E aconselha o Príncipe a suprimir a liberdade dos cidadãos, para não perder o poder.
La Boétie salienta o ser humano como pessoa inteligente e livre, como espécie racional situada acima da escala animal. Por isso, espanta-se ao verificar que o ser humano capitula, e abdica de sua dignidade e de sua liberdade. Não se conforma ao ver que o povo entrega o potencial de sua liberdade e de seus direitos aos que exercem o poder. Considera que, em geral, os tiranos são produtos da população habituada à submissão. Lamenta a conivência do povo que adere a políticos espertalhões, hipotecando-lhes apoio. Com isso, o povo debilita-se e fortalece o poder que o esmaga. Escreve La Boétie:  “É surpreendente ver milhões e milhões de homens miseravelmente subjugados e de cabeça baixa, submissos ao jugo deplorável, porque são fascinados e enfeitiçados pelo nome de um que não deveriam temer”. Para La Boétie, a omissão e a tolerância do povo favorecem tiranias políticas e econômicas.
Maquiavel ensina como dominar o povo, enganando-o. E como imobilizá-lo, destruindo-lhe a liberdade. E disso temos fartos exemplos entre nós e no mundo. La Boétie ensina a mobilizar a liberdade contra a dominação imposta ao povo pelo hábito e pelo poder. A grande contribuição de La Boétie foi mostrar que o povo enterra sua liberdade para consolidar os desmandos políticos e econômicos. Infelizmente, o povo rende-se à magia do poder. E faz-se “voluntariamente” servo. É a “servidão voluntária” de que fala o livro de La Boétie. A demissão voluntária dos trabalhadores é um exemplo modelar da “servidão voluntária”. O cinismo da “globalização” desafia e humilha os trabalhadores: ou aderem “à demissão voluntária” ou serão despedidos impiedosamente. São livres e podem escolher. Mas, de qualquer forma, perderão o emprego. É a edição pós-moderna da “servidão Voluntária”.
Referência/Bibliográfica
ARDUINI, Juvenal – Antropologia: ousar para reinventar a humanidade – São Paulo: Editora Paulus, 2002.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Lula e seu governo


O governo de Lula foi um dos mais demagogo que conheci a partir da ditadura. Ficou 8 anos fazendo campanha política, fazendo palanque. Por outro lado, foi o autentico político daqueles que causa paixão para uns e repulsa para outros. Aquele que consegue enganar a sociedade de um modo geral, ou seja, o político que não tem nada haver com conhecimento, gerenciamento e eficiência da máquina pública.

Lula herdou um País sem inflação, com vários planos sociais para erradicação da pobreza. Planos sociais em relação à Educação e apenas deu seguimento aumentando significativamente os gastos da máquina pública e favorecendo aos seus.

É preciso também ressaltar que Lula foi um político extremamente inteligente, pelo lado negativo da palavra, pois conseguiu se enriquecer, através do seu filho; satisfazer os grandes empresários industriais e agrícolas; os banqueiros; os miseráveis com a ilusão do Bolsa Família; e as entidades sociais como os sindicalistas, a UNE ( União Nacional dos Estudantes) e por ai a fora. Ainda conseguiu ter nas mãos os cacifes dos principais partidos políticos.

Alguém com toda esta “esperteza”, não poderia mesmo sair sem uma grande aprovação popular construída pelo marketing dos beneficiários de seu governo. Certamente, este mesmo êxito não acontecerá com Dilma, não por incompetência, mas por não ter a “inteligência” política de seu padrinho.

A grande verdade que a popularidade de Lula é marketing foi o resultado eleitoral. Alguém com mais de 80% de aprovação, teoricamente conseguiria fazer seu sucessor tranqüilamente no 1º Turno, como ocorreu com Aécio Neves e mesmo Serra em São Paulo.

Não há duvidas que Lula já planeja voltar em 2014 e certamente se quiser volta, pois como coloquei anteriormente, dificilmente um político sério consiga fazer o que Lula conseguiu, ou seja, satisfazer a todos e a ele próprio. Ainda é preciso dizer que o ego dele é muito para manter-se no anonimato.

Acredito na competência de Dilma como gestora, mas não acredito que ela tenha a qualidade essencial para governar um País que é ser política. Um político, não se faz, ele nasce político e isto acredito que Dilma não seja. Portanto, ou ela vai ser governada perdendo sua autoridade, isto é, ser governada pelos políticos que a rodeia ou se quiser tomar a rédea da situação vai encontrar muitos entraves em relação aos seus aliados ou mesmo a oposição. Voltando a Lula, ele não entende nada de administração, mas é um político.

A política é uma arte de governar e nem todos tem esta capacidade, pois o verdadeiro político é aquele que sabe usar dos meios para atingir os fins, e, tanto o político desonesto quanto o idôneo sabem como usar dos meios, no entanto, a diferença é que o político desonesto usa dos meios para atingir seus fins, contrariamente do político honesto que é atingir o bem comum unicamente.

Ataíde Lemos