segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Brasil Virtual e o Brasil Real



Quando analisamos o Brasil nos serviços essenciais que ele oferece a população é algo de nos entristecer e deixarmos indignados. Infelizmente, um dos fatores que contribui para isto é a centralização das receitas por parte da União, ficando com a concentração de quase todo o montante percentual do que se arrecada em impostos no País, enquanto que os entes federativos e municípios ficam com pequena parcela. No entanto, há outros fatores que contribuem também que é o mal gasto destes recursos, sobrando o ônus para a sociedade que acaba não tendo o mínimo nos serviços essenciais como Educação, Segurança, Transporte e essencialmente a Saúde.

Além dos recursos escassos na ponta e mal distribuídos, a questão da corrupção deixa no meio do caminho grande parte destes poucos que são repassados aos serviços públicos essenciais, somando-se ainda o mau gerenciamento e falta de políticas pública para estes setores para que assim, possa ser melhores administrados e melhores aplicados em prol a sociedade.

Infelizmente, este meu comentário é sempre colocado por todos que se indignam com o Estado quando o assunto está relacionado aos serviços essenciais públicos, mas não dá para deixar de fazer criticas quando observamos que o cidadão brasileiro paga uma imensa carga tributária, ou seja, mais de 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) é arrecadado em impostos tributos e a grande maioria da sociedade vive numa penúria em relação aos serviços básicos essenciais e ainda, o governo sempre procura arrecadar mais criando taxas disto, daquilo, contribuições para isto, para aquilo para aumentar mais seu caixa.

Todos os serviços básicos são essenciais, porém, algo que nos deixa profundamente indignado é o descaso com a Saúde. Não é possível, se conformar com um País onde a sociedade é extorquida com impostos e as pessoas morrem nas filas de hospitais por falta de médicos, de medicamentos, pela falta de leitos. Onde vemos as pessoas agonizando nos prontos atendimentos, sendo obrigados a ficarem 5, 6, 8 horas deitados no chão, nas macas em corredores para serem atendidos sem as mínimas condições de higiene, é impossível não contrair doenças, infecções hospitalares. A ANVISA se preocupa tanto com a qualidade dos medicamentos, das empresas que atuam nesta área, mas o que ela faz em termos do Estado?

Não é possível conformar em ver que muitas pessoas morrem por falta de falta de ambulâncias, falta de hospitais ou falta de médicos de especialidades comuns como clinico geral, pediatra, etc. Não é possível conformar que um exame médico demore 3, 4 até 6 meses para serem realizados, isto é, para saber um diagnostico clinico se leve meio ano, tempo este que se torna fatal para aqueles que possuem uma doença grave e que precise de diagnostico rápido! Quantas pessoas morrem porque ao receber o diagnostico de um câncer ele se avançou devido demora de tratamento? Ou seja, a sociedade, com destaque aquelas de menores condições financeiras, não recebem um mínimo de respeito e são muitas vezes elas que acabam contribuindo com as altas taxas na arrecadação do Estado, por meio das compras e são as mais desrespeitadas por Ele.

Não dá para conformar que pessoas precisam promover rifas, pedir dinheiro nas rádios, fazer campanhas para fazer certos exames que são oferecidos pelo SUS, mas que pela fila de espera o doente precise pagar numa instituição médica privada, para não morrer.

Como exemplo, podemos observar o descaso do Estado com a Saúde quando analisamos a questão da especialidade de psiquiatria. Na maioria das cidades não há médicos nesta área. Em quase a totalidade das cidades tanto a União, os Estados e municípios não oferecem tais especialidades e quando oferecem, o prazo de espera por uma consulta chega a meses. Este é apenas um exemplo.

Em suma, vivemos um Brasil virtual, onde insistem em nos inserir no Primeiro Mundo. Onde nossos representantes se julgam grandes e querem discutir de igual para igual com as grandes potencias, mas para a maioria da sociedade, ou seja, aquela que constroem a riqueza deste País o mundo real é comparável paises de 4º mundo, pois nos faltam tudo. Embora, tenhamos uma estampa de País que respeita os Direitos Humanos fazendo discursos inflamados, exigindo dos outros paises que também respeitem a nossa sociedade é tratada com total indignidade em seus serviços essenciais e aqui enfocando a Saúde Pública.

Ataíde Lemos
Poeta e escritor 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O caso de Realengo abre uma discussão oportuna e de oportunismo


Após o trágico episódio da Escola Tassio da Silveira em Realengo, onde Wellington Menezes de Oliveira, matou 12 crianças, levantou-se a questão do desarmamento, um assunto importante, mas com um tom de oportunismo, ou seja, alguns procuram, promover-se politicamente através de um discurso para agradar parte da opinião pública, mascarando um problema sério que é o cumprimento do Estatuto do Desarmamento.

A sociedade brasileira já deu sua resposta quanto possuir armas ou não, inclusive, escrevi vários artigos na época enfocando meu ponto de vista a favor do desarmamento, no entanto, na democracia se respeita a opinião da maioria e como ela votou contra, não seria um episódio triste como o ocorrido que mudaria a opinião dos 65 % dos que foram contra em 2005, até porque, de lá para cá a segurança não melhorou a ponto de uma mudança de pensamento dos brasileiros, pelo contrario, a segurança ainda é um dos pontos cruciais que o Estado não consegue resolver, pois os baixos salários dos policias, a falta de preparo dos mesmos e a corrupção que existe nestas instituições torna-se um entrave que parece não resolver. Desta forma alguém precisa se armar e assim, como que a sociedade vai abdicar deste direito? Mesmo sabendo que ter uma arma a grande vitima é o cidadão de bem que a possui! Porém, ainda que seja assim, ter uma arma para os que possuem é sentir-se uma sensação de segurança.

O grande problema que há em relação às armas é a quantidade de armas legais que se tornam ilegais após sua fabricação. São as armas vendidas de forma ilegal pelas industrias, pelos varejos devido a falta de fiscalização por parte do Estado e também o grande comercio clandestino que ocorre através dos agentes de segurança pública aos marginais. Além do que, produzir uma arma não é um bicho de sete cabeças, ou seja, deve haver muitas fabricas clandestinas que acabam produzindo armamentos para o crime.

Portanto, a meu ver, a questão da violência está numa política de segurança que envolve todas as instituições públicas afins. Vontade política onde se faça cumprir as leis através de uma fiscalização para se ter um controle através de um banco de dados deste a fabricação até a ponta, ou seja, a venda do consumidor final. É preciso promover segurança, onde o cidadão tenha a certeza que não precisará possuir uma arma para se defender. É necessário, através dos Conselhos de Seguranças Públicas, sejam eles os municipais, estadual e Federal promover políticas de prevenção a fim de que  as instituições possam ter mecanismos de proteção e de fiscalização para que não ocorram fatos lamentáveis como o da escola de Realengo.

Como ocorreu numa escola poderia acontecido num shopping, numa avenida movimentada, como já ocorreu numa sala de cinema etc., ou seja, são situações atípicas que certamente foge o controle, mas que não podemos deixar de levantar-se questionamentos, principalmente num País que o Estado é praticamente ausente em termos de segurança e saúde metal, fatores essenciais para desencadear episódios como o ocorrido.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta