domingo, 27 de setembro de 2009

Venda pequena de livros de escritores brasileiros
















          Mais de 80% dos livros vendidos no Brasil são de escritores estrangeiros e apenas 20% são de autores brasileiros. Então fica a pergunta: por que este disparate de percentual de venda entre escritores estrangeiros e nacionais?

          Pois bem, gostaria de colocar meu ponto de vista sobre esta triste estatística desproporcional, que coloca os escritores brasileiros num grau muito abaixo do que realmente estão.

          Destaco primeiramente a questão das editoras. A grosso modo é preciso dizer que editoras visam lucros e não são caçadoras de talentos. Enfim, elas apenas lançam novos autores quando têm a certeza de lucros, pois de certa forma, lançam autores que já têm nome amplamente divulgado na mídia. Portanto, elas (as editoras), estão na caça de pessoas que já possuem um nome nacionalmente conhecido, independentemente de serem escritoras ou não. Certamente esta estratégia das editoras, empobrece substancialmente a literatura brasileira.

          Em suma, não dá para se competir literariamente com grandes escritores estrangeiros, com uma literatura brasileira de péssima qualidade. Infelizmente, esta é uma realidade. As grandes editoras brasileiras estão à procura de vendas instantâneas, sem se preocuparem com a qualidade de uma boa literatura. No entanto, é preciso dizer que o brasileiro investe pouco em livros e que as classes C e D têm menos hábito ainda de comprar livros, devido a inúmeros fatores como suas condições financeiras e a falta de tempo disponível para leitura. Portanto, a classe que mais adquire livros, evidentemente compra qualidade.

          Outro fator que contribui para o pequeno percentual na venda de livros de escritores brasileiros, está relacionado com a dificuldade de introdução de novos escritores no universo da literatura brasileira, pois a maioria dos livros publicados é produzida por editoras independentes. Isto é, o escritor custeia toda sua produção e como não tem como divulgar, pelo próprio custo, acaba tendo seu trabalho sucumbido e guardado em caixas e mais caixas em suas casas. É comum bons escritores terem grandes obras, no entanto, não conseguem fazê-las chegar até aos amantes da literatura e portanto, compradores de livros.

          Outro fator agravante está na mídia, com ênfase a televisiva. Atualmente a maioria das redes de televisão não tem em sua grade de programação, programas de incentivo à leitura, específicamente aqueles que divulgam os escritores brasileiros. Alguns poucos programas que existem, têm suas mensagens sobre literatura muito genéricas.

          Há necessidade da intervenção do Estado, que seria um fomentador da literatura, criando uma política cultural do livro, para que os leitores tivessem a oportunidade de conhecer seus escritores e também os escritores pudessem divulgar seus trabalhos. Uma política que fomente mais eventos como bienais e outros. É preciso dizer que todo escritor iniciante, não tem condições financeiras de arcar com custos de publicações e de divulgações de suas obras literárias, neste sentido, é fundamental que por meio de tais políticas públicas do livro, os empresários possam fazer parceria com os escritores. Enfim, uma parceria entre o escritor, os empresários e o Estado, certamente estimularia e contribuiria no sentido de destacar os bons escritores nacionais.

          Outra política pública do livro, seria o Estado dar alguns tipos de incentivos fiscais às editoras, tendo como contrapartida, a obrigatoriedade de que elas lancem anualmente uma porcentagem de novos escritores.

          Em suma, sem uma política séria que leve a sociedade a conhecer seus escritores, continuaremos como estamos, com esta enorme quantidade de vendas de livros de autores estrangeiros e com uma quantidade pífia em relação às vendas de livros de autores nacionais e de péssima qualidade.



Ataíde Lemos
Revisão:
Vera Lucia Cardoso

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