Uma pergunta que fica sem resposta é: por que existe uma violência tão exagerada na cidade do Rio de Janeiro?
A cidade do Rio é maravilhosa, com inúmeros cartões postais e um povo amável, hospitaleiro e culto em sua maioria. Enfim, uma cidade que encanta pela beleza e por sua gente, mas que no entanto, sobrevive com este câncer chamado violência, que parece não conseguir tratar.
Na cidade do Rio, há um contraste entre monumentos, manções e riqueza, ao lado da miséria e da extrema pobreza. Paisagens que nos encantam por suas lindas esculturas feitas pela natureza, mas que formam um grande contraste com as favelas.
Voltando ao tema da violência nesta cidade, ficam algumas interrogações: diz-se que a causa da violência no Rio de Janeiro se dá devido ao tráfico de drogas. Mas o tráfico não é uma questão localizada, isto é: em todos os grandes centros urbanos há tráfico de drogas. Outro fator que também se levanta para justificar a violência está na questão social. Novamente podemos argumentar, que a desigualdade social está no País de maneira geral, independentemente de se tratar de grandes metrópoles ou pequenas cidades. Enfim, parece que tais argumentos – drogas e desigualdade social – ainda que saibamos possam ser geradores de violência, não explicam por si só, a tamanha violência existente no Rio de Janeiro.
O fenômeno que me parece ocorrer para explicar tanta violência nesta cidade maravilhosa, está em seu contraste econômico, isto é, na riqueza convivendo lado a lado com a pobreza, faltando a valorização dos mais pobres, um projeto que os leve a resgatar sua auto-estima, o que poderia se implementar, aproveitando-se o grande potencial que existe nesta cidade.
Em todas as grandes metrópoles de certa forma há maior violência, fruto da grande população por metro quadrado. Certamente, que as metrópoles exigem uma maior estrutura e um maior planejamento na área de segurança, mas quando analisamos a violência nas grandes cidades, percebemos que o Rio sempre acaba se destacando.
Quem acompanha os governos tanto da cidade do Rio quanto do Estado, observa que já houve inúmeras tentativas para minimizar o quadro de violência, no entanto, parece que são tentativas frustradas.
Hoje o que parece haver no Rio de Janeiro é a existência de um estado paralelo dentro do Estado Legal, onde parte da população – a mais pobre, apóia o estado paralelo e a outra o Estado Legal. A população mais pobre apóia o estado paralelo, porque ele lhe dá segurança e acaba fazendo o que os governos não fazem por ela e também pelo medo em que esta população vive, tanto do Estado Legal quanto do paralelo.
Enfim, a meu ver, a violência no Rio de Janeiro não diminuirá por meio da violência, prática que este governo vem adotando, como também não acabará sem uma segurança ostensiva, que transmita confiança à população das classes A, B, C, D, etc. como também aos turistas que são milhões todos os anos.
A violência diminuirá a longo prazo, com um grande projeto social que atinja as crianças, adolescentes e jovens carentes, dando a eles uma perspectiva e esperança de futuro. Um projeto social que atinja as famílias pobres que hoje fazem parte do estado paralelo e que precisam sentir apoio e segurança para voltarem a acreditar no Estado Legal. Os governantes do Estado e da cidade do Rio, precisam subir aos morros e ir às favelas para sentirem a realidade da pobreza que está aos olhos deles. Enfim, precisam priorizar seus governos em prol dos mais pobres, porque assim, estarão também trabalhando para os mais abastados economicamente.
Ataíde Lemos
Revisão:
Vera Lucia Cardoso
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