quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As políticas afirmativas para cotas















          Sempre estou a escrever sobre a questão das políticas afirmativas em relação à Educação. Políticas estas, que o governo insiste em fazer na Educação, criando um sistema de cotas para negros, com o argumento de que se deva promover a inclusão destes nas universidades. O discurso é sempre o mesmo, isto é, reparar o passado em relação aos negros e promover a justiça social. A reflexão que coloco é a seguinte: o que há de diferente no que se refere a capacidade intelectual, seja de um negro ou de um branco? Uma política desta, em tese, cria várias indagações que vão contra aos brancos e também contra aos próprios negros. Vejamos, a partir do momento em que se privilegia um negro, que teve uma nota menor que a de um branco em um vestibular, indiretamente está se dizendo que ele tem um QI menor. Ainda que inconscientemente, está se afirmando que ele precisa ser privilegiado – um absurdo pensar assim. Deixo uma pergunta: o ensino público dado às duas raças não são iguais? Este é um ponto. Segundo: o Estado faz o negro se sentir menor, pois ainda que muitos procurem negar, tal situação provoca uma baixa auto-estima. O negro vai se sentir privilegiado no sentido negativo, dirá sempre para si mesmo, que está numa universidade por ser negro, isto provoca ainda mais um sentimento de inferioridade. A terceira questão, é que tais políticas aumentam o preconceito e o acirramento entre brancos e negros, ainda que os favoráveis às políticas afirmativas de cotas, afirmem que estes argumentos são próprios dos que são contra, até mesmo, dizendo que os contrários à política de cotas são preconceituosos.

          Hoje, pelo que observamos, a questão da discriminação racial – que sabemos ainda existir – não se deve pela falta de políticas públicas desiguais na área da Educação entre raças e etnias, mas sim é uma questão cultural, que somente pode ser resolvida por meio da própria educação e não por meio de privilégios, ainda que muitas injustiças tenham sido feitas no passado. Mesmo que se procure negar, que tais políticas afirmativas são um meio de agradar àqueles que de certa forma, se sentem discriminados pela cor da pele, sabemos que o governo usa destes artifícios para conquistar a simpatia de parte da sociedade com objetivos eleitoreiros.

          Ao falar com amigos negros sobre a questão das cotas no ensino, a maioria deles diz ser contrária a tais políticas e que os negros não querem ingressar em um ensino superior devido à cor de sua pele, mas exigem uma educação pública de qualidade para que possam competir de igual para igual com todos, também são favoráveis à política de inserção das classes menos favorecidas, já que o pobre continua sendo excluído da mesma maneira. Enfim, já começamos a sentir o efeito destas políticas em suas auto-estimas. Ainda que o governo insista em mostrar as estatítiscas positivas de um maior número de inclusão de negros nas universidades, percebemos que não diminuiu o racismo.

          O que se precisa, é mudar a política com relação ao ingresso nas universidades públicas, onde os de classes mais elevadas têm acesso a elas e os pobres estudam em universidades privadas. Não serão com estas políticas afirmativas, mas sim com melhor qualidade na educação de base, fundamental e no ensino médio da rede pública, que se irá garantir o direito a todos ao ensino superior.

          Acredito que uma política pública transitória, enquanto se melhora o ensino público, que privilegiasse as classes menos favorecidas com a criação de cursos pré-vestibulares públicos, poderia ser mais igualitária e eficiente. Estes cursos dariam melhor formação para aqueles que vêm das escolas públicas e assim, todos teriam as mesmas oportunidades no momento de prestar o vestibular. Certamente, esta política pública transitória é mais justa e coloca condições iguais para todos, privilegiando o conhecimento sem ser discriminatória e preconceituosa.

( Ataíde Lemos )

Revisão: Vera Lucia Cardoso

Um comentário:

Vera Lúcia disse...

As desigualdades de acesso à educação acontecem segundo o nível sócio-econômico e não à cor de pele ou ao racismo. Uma prova disto, é que negros que têm uma boa situação econômica estão à frente de muitos brancos pobres. O que podemos constatar, é o que segundo Linhares(1997,p.152)parece trata-se de uma "exclusão branca", a qual inclui para depois excluir. O fato de negros terem acesso às Universidades públicas por meio de cotas, além de ferir à Constituição, não garante que eles vão conseguir permanecer nela e se formarem. Será que eles têm os pré-requisitos exigidos para poder acompanhar esses estudos que exigem um alto nível de abstração? Não se começa a construção de uma casa pelo telhado, é preciso construir as bases e no caso da educação também é preciso investir na base, nos ensinos fundamental e médio, para que, segundo a Constituição, que assegura direitos iguais para todos,sejam brancos, negros, índios ou amarelos, quaisquer vestibulandos, independentemente de raça ou cor, possam chegar ao ensino superior com todos os pré-requisitos que ele exige. A educação deve ser de boa qualidade para todas as classes e camadas da população. Esta lei ao meu ver é imediatista e linear, pois só considera o acesso ao ensino superior e não enfoca o durante e o depois, que seria o ingresso dessas pessoas no campo científico ou no mercado de trabalho aí a concorrência é mais acirrada e não há protecionismo nem paternalismo. Os melhores serão os escolhidos.

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LINHARES, Célia Frazão S. A Escola e seus Profissionais.RJ. Agir, 1997.