Quando se tem a iniciativa de determinados projetos direcionados à filantropia, à assistência social, sempre se é motivadas por sentimentos profundamente espirituais. Um sentimento de amor ao próximo e guiados por motivações inexplicáveis.
Normalmente, inicia-se com vontades afins entre duas ou três pessoas. Comumente, são estes idealizadores, que de fato abraçam a causa e dão todos seus esforços sem medirem. Seus entusiasmos, no primeiro momento, têm uma influencia muito positivas em outras pessoas.
Para iniciar uma entidade filantrópica necessita de voluntários para constituir a instituição e de vários outros colaboradores que se tornam voluntários para contribuírem ajudando-a na estrutura funcional interna, externa, como também, precisa de voluntários que propaguem a entidade e colaborem na arrecadação de alimentos, recursos financeiros, etc.
Com o andar do tempo, vai-se notando que existe um fluxo de voluntários que entram e saem, percebe-se também que muitos diretores apenas são formais, porém, necessários para a constituição legal da entidade, no entanto, nota-se que muitos deles tem suas atuações quase nulas dentro da instituição e, quem realmente assume todas as responsabilidades pela entidade são os idealizadores do projeto. É neste ponto que desejo abordar a reflexão:
É comum vermos estes carregadores de piano, como se diz, estarem frustrado com tais atitudes dos voluntários, ou seja, sentirem-se sozinhos e a partir daí, murmurarem com sentimentos de “revolta”. Isto é natural e comum, devemos compreender tais atitudes, pois, existem várias situações que levam a esta “revolta”. Vamos a elas.
1) Percebe-se que o quando as pessoas são descomprometidas com a espiritualidade e com o seu próximo. Muitos estão alheios com os fundamentos, aos ensinamentos e compromissos com o Evangelho. Vemos que embora, muitos se dizem espirituais; a teoria está muito aquém da pratica.
2) Percebe-se o descaso da sociedade pelas pessoas. Cada um preocupado com si próprio, buscando seus espaços, sem compromisso com seu semelhante e, quando o trabalho é direcionado a pessoas excluídas e marginalizadas, torna-se maior o descaso.
3) Nota-se, como o Estado, muitas vezes, ignora determinadas entidades, somente se interessando para elas quando necessitados. Enfim, é uma total falta de reconhecimento do trabalho social prestado por instituições civis que atuam na área social. Ou seja, muito discurso, muito marketing, mas ações concretas quase nada.
Diante toda esta realidade, é fundamental olhar para estes dirigentes (idealizadores) como pessoas espirituais e tê-los como exemplos para a sociedade. São desbravadores e verdadeiros construtores e profetas de nosso tempo.
Porém, a estes (idealizadores) ao invés da “revolta” é necessário ter humildade e sabedoria, transformando este sentimento em compaixão.
Quando se abraça uma causa, é ele (idealizador) quem o abraça e não os outros.
Neste sentido, a responsabilidade maior sempre será daqueles que iniciaram o projeto. As outras pessoas que surgem são colaboradores, cabendo então, aos seus idealizadores fomentarem e motivarem a manutenção e participação dos voluntários.
É essencial ter em mente que todos que surgem, somam-se. Um diretor por mais ausente que possa ser, sua assinatura numa ata é algo de muita responsabilidade e confiança.
Finalizando, há uma parábola no Evangelho em que Jesus narra que um administrador saiu de manhã e contratou algumas pessoas e combinou dar uma moeda de prata; mais a tarde saiu novamente e contratou mais funcionário e assim sucessivamente até que já a tarde contratou mais algumas pessoas e quando fez o pagamento deu a mesma quantia a todos, independente o tempo trabalhado.
Esta deve ser também a atitude dos idealizadores de uma entidade filantrópica diante a um trabalho voluntário. Ou seja, reconhecer no outro a sua importância mesmo que ainda possa parecer quase inexistente.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta
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