Não sou tão velho, porém, lembro-me muito bem quando
o político possuía um grande status. Era visto como ilustre autoridade, sendo
ovacionado quando visitava as cidades. Era comum ter festejos, a população
recebe-los prestando homenagens, pois, tinha-se nele uma autoridade máxima. A
visita de um político, tornava-se um marco e um fato histórico para as cidades
menores.
Porém, com o
passar do tempo, o político tornou-se uma autoridade apenas para eles próprios
ou seja, para os outros políticos, para instituições governamentais, pois para
a sociedade, tornou-se um cidadão hostilizado, repudiado, um cidadão
indiferente aos outros.
Na classe
política, infelizmente, sempre houve atos antiéticos, sempre houve corrupção,
muitos usurparam do poder a eles
confiados, ora pelo povo, ora indiretamente. Muitos usaram do cargo para seus
próprios benefícios e dos seus, basta voltarmos num passado não tão distante
quando o celebre, intelectual e político Rui Barbosa disse em um de seus
desabafos que se eternizou: ‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’. Porém, ainda
assim, o político era possuidor de uma imagem venerada e respeitada pela
sociedade.
Fica então uma
indagação; por que esta mudança brusca de comportamento entre a sociedade e a
classe política? Certamente, esta não é uma resposta difícil de ser encontrada,
pois hoje todos têm acesso ao voto; os cidadãos tornaram-se mais politizados; a
tecnologia trouxe a tona o que se mantinha oculto nos bastidores; houve um
avanço democrático, onde se descortinou toda aquela máscara que havia por trás
do homem público, transformando-o numa pessoa comum, apenas com algumas
prerrogativas.
Esta abertura
democrática, este avanço da tecnologia e a continuação das práticas políticas
inescrupulosas têm sido o grande motivo do desalento da sociedade em valorizar
esta personalidade chamada de “Político”.
Portanto, este
descrédito, esta repulsa ao político é nociva para a sociedade, ao passo que
isto leva cada vez, aumentar o numero de políticos corruptos e excluir os bons
cidadãos da vida pública. Ou seja, na medida a sociedade, torna-se indiferente
ela se torna alvo de golpes políticos. Torna-se alvo de ditaduras disfarçadas
de democracia. Este quadro tem sido o que estamos constantemente assistindo
ocorrer na América Latina, onde através de manobras políticas e o desinteresse
da sociedade os espertalhões, juntamente com seus grupos estão transformando
suas nações, seus estados e mesmo os municípios num curral eleitoral, onde
somente um grupo tem estado no Poder.
Um país, um
estado, um município é como uma família onde cada membro precisa ocupar-se de
um dever, precisa ter responsabilidade, precisa de união para que todos saem
ganhando em todos os sentindo. É como uma empresa onde é necessário ter um bom
gerenciamento, ter normas para que a empresa cresça e todos saem ganhando.
Portanto, nossos governantes são estes; os responsáveis para que o país, o
estado, a cidade desenvolva em harmonia e os cidadãos possam ser beneficiados
com uma melhor qualidade de vida. Os governantes são nossos porta-vozes, que
através deles, criamos regras de bem convivências.
Os políticos são
os financeiros que gerenciam nossos recursos econômicos para que todos possam
ser beneficiados, inclusive, aqueles que tem mais, contribuindo com o que quase
nada tem e todos ganham. Enfim, o político é de fundamental importância, sendo
assim, é essencial que eles sejam possuidores de confiança e de respeito por
parte dos cidadãos, no entanto, somos nós cidadãos que construímos este
político através do interesse na participação consciente e responsável pelo
voto.
Em
suma, à medida que evoluímos em termos de cidadania e demos conta da
importância de nosso voto. À medida que nós eleitores deixamos de votarmos
impressionados pela retórica do político, pela amizade simplesmente, por
favores, mas pelo seu histórico de idoneidade e retrospecto de vida. Á medida
que não deixamos ser induzidos pelos cabos eleitorais e não votarmos também
induzidos pela emoção, pela fala bonita e fácil. Enfim, na medida que não entrarmos
no jogo do político e votarmos com um espírito público, certamente, estaremos
construindo uma classe política melhor a qual venhamos orgulharmos novamente
desta autoridade, respeitando-as.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta
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