Dias atrás, ouvi numa rádio local o comentário indignado de Alexandre Garcia sobre as manifestações contra corrupção que foram promovidas através das redes sociais. Sua indignação se referia ao numero pífio de participantes nestas marchas, que totalizaram menos de trinta mil manifestantes em todo o País, e que somente em Brasília somaram mais 20 mil, ou seja, 2/3 do total.
É lamentável ter que admitir que a corrupção não seja prioridade para a sociedade brasileira, ou ter que admitir que nosso povo não tem noção de cidadania, isto é, não conseguem associar corrupção a falta de educação, saúde, transportes, segurança, enfim, a tantos serviços essenciais que nos são oferecidos de modos precários, tudo porque faltam recursos, ou melhor, eles existem, mas vão para a corrupção e por isto é que faltam. É lamentável, observar que a corrupção não é algo essencial a ser combatido pela sociedade nas escolhas de seus candidatos.
Quando se promove passeadas em favor da liberação da maconha, são centenas de milhares de manifestantes e apoiadores. Nas passeadas dos homossexuais são centenas, às vezes, ultrapassando a casa de milhões de manifestantes (nada contra), no entanto, contra a corrupção, a favor da ficha limpa são apenas 30 mil em todo o País.
Estamos prestes a uma eleição, onde escolheremos novos representantes para os poderes públicos municipais e, lamentavelmente, por esta amostragem que vimos em relação à passeada contra a corrupção, podemos perceber que este não será o fator prioritário do eleitor na escolha de seus governantes, pois virão as frases como “rouba, mas faz” ou “todos roubam” ou ainda “entre roubar e fazer fico com aquele que rouba, mas faz” e assim por diante.
Certamente, haverá as entidades procurando trabalhar no voto consciente como é de costume acontecer. As igrejas procurando conscientizar os seus seguidores. As propagandas nas mídias tanto da Ongs como das instituições como Ministério Público, Poder Judiciário, procurando orientar os eleitores, porém, sabemos que pouco influirá, pois a força da retórica, o descompromisso do eleitor com a política e com seu dever cívico em favor do coletivo e os benefícios pessoais falarão mais alto e, como na passeada, observaremos que poucos eleitores têm o espírito público e de cidadania.
Dois fatores são fundamentais para a escolha de um representante parlamentar ou gestor público que são: idoneidade e capacidade intelectual ao cargo escolhido. Ou seja, um político precisa ser uma pessoa que tenha uma vida libada e pautada na honestidade. Uma pessoa que tenha referencias de seriedade e uma vida pública que a honre para que se habilite para o cargo pretendido. Também, precisa estar apto para exerce-lo, que tenha conhecimento de direito. Que tenha conhecimento mínimo intelectual (estudo) para não ser manipulado pelos seus pares. Um político precisa saber distinguir alhos de bugalhos. Enfim, não basta ser idôneo se não tem ação ou se é uma pessoa que tenha habilidades para o cargo, mas não tem idoneidade.
Em suma, antes de questionar nossos políticos, precisamos questionar nós mesmo, os políticos são eleitos e nós que os elegemos. No entanto, ao vermos e refletimos as manifestações públicas contra a corrupção, certamente, já conheceremos o final das histórias eleitorais.
Ataíde Lemos
Poeta e escritor
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